- Faz muito tempo que eu não leio as poesias dela.
- Bom, na verdade faz muito tempo que ela não as escreve.
- Eu sinto saudades de ler aquelas palavras tão bonitas.
- Eu também, mas você sabe que ela só escreve poesias quando tem um motivo muito forte.
- Sei sim, uma inspiração né?
- É quando ela está apaixonada.
- Quando você faz bagunça na alma dela, você quis dizer né?
- Ah, mas eu adoro vê-la daquele jeito.
- Mas sou eu que limpo a desordem depois.
- Bom, eu tive uma ideia!
- Eu não quero saber das suas ideias, Ainda estou limpando a bagunça da última vez que você teve alguma ideia. Você sempre a faz se apaixonar por quem não a ama de volta. É sofrimento demais para ela, e para nós dois.
- Não, espera... é justamente essa a ideia. Que ela se apaixone por alguém que já esteja apaixonado por ela.
- Parece que você não nos conhece. Quem se apaixonaria por uma bagunça dessas?
- Justamente... talvez esteja na hora de ela se apaixonar por ela mesma.
- Como assim?
- Você sabe melhor do que eu que ela vive mais para os outros do que para ela mesma. Que ela ama mais os outros do que ela mesma. Então, talvez esteja na hora de ensinarmos a ela a se amar.
- Talvez esteja na hora de você começar a ser mais racional. E deixar eu escolher o amor da próxima vez.
- Não, você nunca poderá escolher sem mim, porque sou eu que coloco as borboletas no estômago, sou eu que coloco o brilho no olho, sou eu que coloco o amor na alma dela. Você só precisa me guiar melhor.
- Ok.
- Pare de ser tão rabugento. Eu te ajudo a limpar essa bagunça que eu causei e você me ajuda a ensinar a ela que não tem nada de errado com ela. Me ajude a mostrar para ela que ela precisa se amar um pouco, antes de querer amar ao mundo. Que ela precisa se importar um pouco com ela mesma, antes de querer se importar com todos aos seu redor.
- E assim ela poderá voltar a escrever poesias, não para os outros, mas para ela mesma.