Here comes the sun

quarta-feira, maio 30, 2012




     Ela estava envolta em seus braços. Era mais uma madrugada fria de inverno que se arrastava. As lágrimas por pouco não congelavam ao escorrerem em seu rosto. A angústia machucava mais do que o vento gelado que cortava sua pele.
     Fora um inverno longo demais, frio demais, difícil demais. Parecerá a ela que o tamanho dos problemas era diretamente proporcional ao quanto fazia de frio. Os pássaros não cantavam mais, o Sol sumira, os rios não corriam, o riso fugirá dos rostos, somente a esperança resistia como podia dentro dos corações.
     O calor da lareira era menor que os dos corações. A fome alimentava sua fé. O medo a encorajava a continuar na luta. A solidão lembrava-lhe que nunca estaria só. A noite é o prelúdio do nascer do Sol.
     Um inverno tão longo parecia uma provocação. Cada vez menos comida, menos lenha, menos fogo. As únicas coisas que sobravam eram o vento gelado, a neve que caia e as nuvens no céu.
     Depois de tantas dificuldades estava ela ali, quase sem forças, meio acordada, meio desmaiada. Trabalhará dias e dias para alimentar aquele fogo, para que ninguém na casa morresse de frio. Não comerá nos últimos 3 dias, mas aquela noite Ele estava ali. Seu noivo, que nunca a desamparava. Chegará com um pedaço de pão, para sustenta-la, um pouco de vinho para aquecê-la, e seus braços para protegê-la.
     Aquela noite ela estava envolta em seus braços. Era mais uma madrugada fria de inverno que se arrastava. Quase que sem esperança, quase, ela olha para seu Amado, que a protegia do frio, e diz: Eu não aguento mais. Algumas lágrimas escorrem de seus olhos. Ela repete a mesma frase, algumas vezes, chorando, mas sempre calma, sem cobrar nada, apenas sendo sincera.
     O Noivo, apenas ouve, e abraça, consolando-a, enquanto ela chora. Passa-se um bom tempo assim. A noite fria se transforma em uma madrugada gelada. Por alguns minutos o vento cessa, o choro para, é possível ouvir o silêncio a sussurrar em seus ouvidos. Ela limpa seu rosto molhado e gelado. Ao olhar para seu protetor, vê que Ele olha ao longe, mas não um olhar perdido, fixo em algo, que ela não sabe o quê. Ela percebe um leve sorriso. O que há? Indaga ela. Ele continua em silêncio. O que foi? Porque este sorriso? Insiste ela. Depois de mais algum tempo, Ele a olha, no fundo de sua alma, com um ar calmo, sereno e tranquilo, e sussurra em seu ouvido:
-Ó minha querida, tem sido um inverno longo, frio, solitário, mas sempre estive com você. Olhe, minha pequena, olhe novamente, e veja, o Sol está vindo, o Sol está vindo, tudo ficará bem, tudo está bem. Eu lhe prometo... It’s All right.

Calebe Paranhos
Em: No caminho - Here comes the sun

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