Crescemos cercados de promessas.

"Mais tarde a gente volta aqui para comprar esse brinquedo"; disse a sua mãe quando você tinha 4 anos de idade, e até hoje vocês não voltaram na tal loja,

"Amanhã a gente faz essa brincadeira"; disse a sua professora da segunda série, e no dia seguinte nem você e nem ela lembravam da promessa.

"Prometo que vamos no parque semana que vem"; disse o seu pai quando você tinha 10 anos, mas vocês não foram no parque na semana seguinte,

"Claro que vou te amar para sempre"; disse seu ex-namorado, duas semanas antes de terminar com você. 

"Prometo que nunca vou sair da sua vida"; disse seu melhor amigo, antes de parar de falar com você.

A vida é assim. Somos bombardeados de promessas todos os dias.

Promessas que os outros nos fazem. Promessas que geram expectativas. 

Até mesmo a "promessa de chuva" para o dia, já cria alguma expectativa em você. E se a chuva não vem, você se sente decepcionado.

É fácil ficar decepcionado quando você coloca expectativa em cima de uma promessa.

Vivemos num mundo cheio de promessas.

Mas e as promessas que nós mesmos fazemos?

Aos outros e a nos mesmos?

"Pode deixar, eu faço isso para você"; disse você, semana passada ao seu amigo, mas você esqueceu.

"Claro que vou acordar cedo para ir caminhar com você"; disse você mesmo ao seu amigo, na noite anterior. Claro que você acordou e voltou a dormir.

"Amanhã começo a dieta"; disse você ontem e lembra disso hoje, detonando um pote de sorvete.

Se você leva as promessas a sério, pode acabar frustrado mais cedo ou mais tarde.

Então, nosso lema na vida deveria ser: vamos levar as promessas "na brincadeira". Certo?

Errado.

Deveríamos viver num mundo livre de promessas.

Até porque, todos estamos sujeitos a errar. A esquecer. A não cumprir uma promessa.

Em vez de falar: eu prometo, deveríamos falar: eu vou tentar. Em vez de um "te amarei para sempre", deveríamos ouvir um "farei o possível para permanecer ao seu lado."

Resolvi me desapegar das promessas e adotei a sinceridade.

Não prometo mais nada a ninguém. Principalmente para mim mesma.

Se sei que não vou cumprir algo, nem decepciono meus amigos, já falo logo que não quero / não vou conseguir.

Não prometo mais para mim mesma ir dormir mais cedo ou acordar mais cedo no final de semana. Não prometo mais que vou emagrecer. Que vou voltar para a academia ou que vou fazer o curso que quero.

Quase nunca cumpro o que prometo e depois me arrependo e fico chateada comigo mesma.

É melhor apenas pensar: bom, vou tentar.

Quero uma vida livre de promessas. Livre de expectativas.

Quero uma vida livre de decepções, livre de frustrações.

Que a nossa única promessa seja a de ser feliz; independente das falsas promessas que a vida nos dá.

Patrícia Geiger