Hoje uma aluna do 8º ano veio à minha sala sugerir mudanças no momento devocional de sua turma. Queria vários ajustes, mas a reclamação central era o livro que eu havia escolhido: Um Ano com C. S. Lewis, da Editora Ultimato.
Eu fiquei pessoalmente ofendido, e argumentei que aquele era o melhor material que eu poderia ter dado a eles. Eu tinha passado dias fazendo a curadoria e nada poderia ser melhor.
Não adiantou, ela me larga o seguinte contra-argumentou: essa semana toda ele está falando de um diabo mais velho ensinando um diabo mais novo. Ninguém entende nada na devocional!
Na hora eu ri muito, porque eu sabia a qual livro do Lewis ela estava se referindo. Depois eu resolvi as questões da devocional e terminei dizendo que estava chateado. Mas ressaltei: não é com você, é com a igreja evangélica brasileira!
Esse é o estado em que se encontra a formação teológica dos jovens de nossas igrejas. Eles não têm a menor dimensão da importância da teologia para a vida deles. E não é por menos, eles são filhos de uma igreja que há décadas não insiste na formação teológica de pastores, lÃderes e membros!
C. S. Lewis escrevia literatura infantil! Hoje, ler o Lewis é sinônimo de ser um calvinista nerd e hipster. Isso depõe contra nós. Quando o mero cristianismo torna-se o lugar mais alto que podemos chegar teologicamente, significa que estamos muito aquém das expectativas - incluindo as do Lewis!
Em tempos de setembro amarelo, vale lembrar: as incapacidades de nossos jovens em lidar com suas carências emocionais está diretamente ligada ao seu desconhecimento de quem é Deus e de como a identidade deles está escondida em Cristo. Isso é teologia, meus amigos!
Não podemos infantilizar nossos irmãos mais novos. A cultura não age assim com eles. Os produtores culturais tratam nossos jovens como consumidores maduros e um público alvo com muito potencial. Só nós que insistimos em mantê-los entretidos em programações superficiais para garantir que eles não frequentem a balada no fim de semana.