Minha primeira história de rejeição

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Eu coleciono histórias de rejeições.
Já me falaram que eu sempre falo sobre isso, que parece que fico remoendo o passado.
Não é.
Sabe aquelas coisas que você já espera que aconteçam na sua vida? Então.
Amores e amizades que me rejeitaram.
São tantas histórias que eu poderia escrever um livro. Mas hoje não.
Hoje eu vou contar como essa coleção começou.

Graças à minha excelente memória fotográfica.

Eu tinha, 6 anos. Pasmem.
Estudava na pré escola da cidade onde nasci.
Me apaixonei por um coleguinha da minha turma. (O que uma criança de 6 anos sabe sobre o amor? Absolutamente nada.)
Gostava do Éverton. Loirinho, de olhos castanhos, super meu amiguinho, simpático, querido, fofo.
Lindo. Ah, ele era lindo. Por isso eu gostava dele. Porque não sabia nada sobre o amor, então se o menino era bonitinho, eu dizia que gostava dele.

Éramos inseparáveis. Eu, ele e a Alice, minha melhor amiga. Vivíamos juntos, faziam os nosso lanchinho juntos no recreio, brincávamos juntos.

Até que um dia, a Alice, minha melhor amiga, lembra? me contou que gostava do Éverton.
Na minha cabeça de 6 anos, aquilo foi meio confuso, não consegui nem falar que eu também gostava dele, deixei a história quieta.

Até o dia em que estávamos brincando na hora do recreio e o Éverton virou pra Alice:
- Eu gosto de você. Vamos casar?

Claro que sim. Claro que duas crianças de 6 anos vão se casar. Eu nem sei se ficava feliz ou triste. Acho que queria sair correndo dali. Mas não podia. Não né?

Achei que a história terminaria ali. Mas não, claro que não.
O menino teve a brilhante ideia:
-Vamos lá atrás do colégio e vamos nos casar. A Pati casa a gente.
Caso, Claro que caso. Minha melhor amiga com o amor da minha vida. Por que não eu mesma pra realizar o casamento né?

Não era brincadeira de criança. A coisa era séria.
Fomos lá, eu, Alice e o Éverton.
-Éverton, você aceita Alice como sua legítima esposa?
-Alice, você aceita Éverton como seu legítimo esposo?

Então, eu os declaro marido e mulher.

Fim da história? Não né. O pior ainda estava por vir.

O Éverton, de 6 anos, deu um selinho na Alice, de 6 anos.
Selinho. S-E-L-I-N-H-O.
Assim, na minha frente.

Não apenas casei o amor da minha vida com a minha melhor amiga, como ainda presenciei o primeiro beijo deles.

E viveram felizes para sempre. Ou não. (Lembre-se que éramos apenas crianças.)

E essa foi a minha primeira rejeição.
E desde então, coleciono histórias como essas.
A diferença é que eu não tenho mais 6 anos.

rejeição




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