As doze posturas de um Coração Missionário
sábado, outubro 08, 2016
Texto por Francisco Almeida.
Jesus contou a Parábola do Bom Samaritano. E nessa passagem, podemos ver 12 posturas de um coração missionário. 12 posturas que todos deveríamos seguir.
Lucas 10: 25-37
1°- Está ocupado com algo importante:
“Que seguia o seu caminho” (v. 33). Aquele homem não era um desocupado errante. O samaritano estava naquela região a negócios, visto que precisava viajar por uma estrada judaica que lhe era hostil. Ele só entraria no território da Judeia se tivesse algo importante a fazer.
Deus não chama para seu serviço indivíduos desocupados. Ociosidade é pecado e Deus abomina o pecado. Moisés e Davi pastoreavam ovelhas quando foram chamados pelo Senhor, Amós plantava figueiras, Pedro pescava, Mateus cobrava impostos, enfim, Deus tem alguma preferência por pessoas atarefadas.
Estar comprometido com algo importante pressupõe responsabilidade e compromisso, virtudes essenciais em um coração missionário.
2°- Vai até o perdido:
“Passou-lhe perto” ou “foi ao pé dele”, v.33. Diferente do sacerdote e do levita, que passaram de largo, o samaritano foi até o ferido. Aproximou-se ao ponto de vê-lo bem perto.
Muitas igrejas se acostumaram a esperar pelos perdidos e não se esforçam mais para ir até eles. É como se o mandamento de Jesus tivesse sido invertido. O ide e pregai foi transformado no vinde e escutai. Confortáveis em nossos vários templos, resfriados pelas centrais de ar condicionado e com as portas devidamente fechadas, esperamos que o perdido se chegue até nós. Espera inútil, já que o perdido não tem forças suficientes para chegar a Deus. Uma igreja missionária não menospreza as reuniões no templo, mas investe sua maior militância na rua, onde o pecador está.
Um coração missionário sempre procura o campo. Como Jesus, segue de aldeia em aldeia.
3°- Vence os preconceitos:
“Um samaritano”, v.33. Do contexto geográfico da parábola, inferimos que todos os personagens eram judeus, exceto, é claro, o samaritano, Um conflito étnico-religioso dividia judeus e samaritanos havia vários séculos. A maneira de vestir característica de cada grupo declarava sua procedência, ou seja, o samaritano sabia que o ente espancado e moribundo era um “intrigado judeu”. Neste contexto, o samaritano tinha uma razão histórica válida para agir como o sacerdote e o levita. No entanto, um sentimento maior, o fez quebrar paradigmas.
Não podemos escolher um povo preferido para anunciar as boas novas. O campo é todo mundo e toda a criatura é o alvo. Sentir um peso amoroso por uma nação específica não nos isenta do povo inicial. Onde quer que haja um perdido, há um campo missionário.
Um coração missionário ama incondicionalmente.
4°- Sente compaixão pelo perdido:
“Vendo-o, compadeceu-se dele”, v.33. Qualquer leitor desatento dos evangelhos perceberá que uma palavra comum na vida de Jesus é compaixão. O Senhor sabia se colocar no lugar pecador e sentir a dor dele. A maioria de nós não consegue fazer isto e se torna insensível ao clamor dos perdidos. É como se esquecêssemos de que um dia também estivemos à beira do caminho, caído sobre nossos vícios e medos. A orientação do apóstolo é que haja em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.
Um coração missionário é capaz de chorar pelos perdidos.
5°- Sabe o que fazer:
“Chegando-se, atou-lhe os ferimentos aplicando-lhes óleo e vinho”, v.34. O samaritano estava habilitado para fazer o que precisava ser feito. Não ficou perplexo diante da violência do ataque. Ele foi sereno, pois sabia exatamente o que precisava ser feito. Via que havia esperança para aquele infortunado. Sabia como usar os instrumentos curativos que tinha.
Um crente com coração missionário investe em preparo, pois entende que precisa ser um obreiro aprovado e só o será se buscar capacitação para isto. Essa capacitação vem de Deus, mediante um processo de ensino através dos mestres que Deus deu a Igreja visando o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério (Ef. 4:11-12). Não é místico. Exige busca dedicada e contínua.
6°- Tem o que precisa:
“Ataduras, óleo e vinho”, v.34. Os elementos que ele usou no tratamento do perdido não podem faltar na vida de quem deseja aperfeiçoar seu serviço. Simbolicamente podemos compreender que as ataduras usadas para limpar e pressionar os ferimentos, estancar os sangramentos, revelam o poder da palavra, purificando e garantindo a manutenção da vida. É preciso conhecer e manejar bem a palavra da verdade. O óleo é símbolo claro do Espirito Santo e não há coração missionário sem a presença influente e instigante dessa pessoa divina. Por fim, o vinho representa o sangue perdoador de Jesus.
É fundamental que o coração missionário seja regado pelo sangue do cordeiro. Somente quem foi lavado pelo sangue pode declarar claramente o poder do sangue. Um perdoado para ministrar perdão.
7°- Se sacrifica:
“Colocando-o sobre o próprio animal”, v.34. O samaritano não se recusou a renunciar o seu conforto em favor do outro. Ele desceu do seu animal e pôs sobre ele o ferido. Seguiu caminhando até chegar à hospedaria. Foi um sacrifício necessário pelo bem do outro. Não há salvação sem sacrifício.
Precisamos estar prontos para renunciar o que é mais confortável. Um coração missionário requer sacrifícios, e sacrifícios significativos. O rei Davi disse uma vez: “porque não oferecerei ao Senhor, meu Deus, sacrifícios que não me custem nada.” (I Sm 24:24). Ora, um sacrifício sem custos não é sacrifício. É preciso dor, perda e um real sentimento de renúncia. Sacrifício é prova de amor. Deus provou o seu amor por nós no sacrifício de Cristo em nosso favor.
8°- Não age sozinho:
“Levou-o a uma hospedaria”, v.34. O samaritano entendia que precisava de ajuda para tratar aquele homem. Foi humilde em reconhecer que não podia fazer tudo sozinho. A hospedaria pode ser vista como a Igreja de Jesus. O ambiente do discipulado. O pronto socorro dos feridos da alma. Um lugar de restauração e recrutamento de novos samaritanos. A obra da grande comissão não pode ser realizada por nenhuma denominação ou grupo sozinho. É preciso parcerias. É parte do plano divino que ela seja feita em corpo. “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.” (I Co 3:6).
Ninguém pode se julgar detentor do monopólio da evangelização, sob pena de incluir-se na lista das seitas. Apesar de todas as diferenças no seio da igreja cristã, o que nos une é muito maior. O amor de Deus é o foco do nosso serviço. Cabe aqui o velho conselho de Agostinho: “Nas coisas essenciais, unidade; nas não essenciais, liberdade; e em todas as coisas, amor.”.
Um coração missionário é humilde o suficiente para receber ajuda.
9°- Gasta tempo com o perdido:
“No dia seguinte”, v.35. Mesmo tendo algo seu a cuidar, nosso bom homem dedicou seu tempo de qualidade ao ferido. A expressão cuidou dele indica um investimento significativo de tempo. Ele ficou na hospedaria durante todo aquele dia e seguiu viagem só no dia seguinte. Parar para ajudar alguém se torna cada vez mais raro. O aumento do pecado é diretamente proporcional ao esfriamento do amor. Afetos frios adoecem sociedades inteiras. O calor de um coração missionário derrete a neve e produz cura e restauração.
10°- Investe dinheiro:
“Tirou os denários dois os entregou ao hospedeiro”, v. 35. O samaritano investiu naquele ferido muito do seu tempo, seu talento e muito do seu tesouro. Há gastos com o aparato de cura. Ataduras, azeite e vinho custam caro e, além disso, ele pagou na hospedaria o referente a dois dias de trabalho de um trabalhador braçal. Dois denários que representam uma disposição generosa em suprir as necessidades do outro.
Não há como fazer missões em um generoso investimento financeiro. Fazer missões sem dinheiro é como fazer queijo sem leite! Toda a igreja deve estar envolvida e comprometida com a sustentação missionaria. Isso por entender que é uma questão de amor e misericórdia e não por esperar algo em troca. O samaritano entendia bem que estava investindo a fundo perdido, ou seja, ele não teria retorno financeiro algum, mas sabia que estava fazendo o certo. Há uma alegria em fazer a coisa certa.
Um coração missionário compartilha liberalmente das bênçãos que recebe.
11°- Se dispõe a investir mais:
“Se alguma coisa gastares a mais, eu te pagarei”, v.35. Mesmo já tendo deixado dois denários, nosso bem homem entendia que podia não ser o suficiente. Havia nele uma alegria em continuar suprindo a necessidade do ferido.
Ofertar para missões não pode ser algo pontual, uma vez perdida. Trata-se de um compromisso. Todo crente deve dedicar-se para andar uma segunda milha. Uma igreja que mantém um missionário pode manter quantos quiser! O mesmo Deus que supre a necessidade de um o faz com dez ou vinte! Não falta dinheiro na Igreja do Senhor, se assim fosse, Jesus teria dito que a seara é grande e o dinheiro é pouco. Pelo contrário, o que falta são pessoas com coração missionário (ceifeiros), dispostos a fazer mais do que é sua obrigação.
12°- Termina o que começou:
“Quando eu voltar”, v.35. O atarefado samaritano saiu de manhã para resolver seus negócios, mas prometeu voltar para rever o ferido. Sua missão só estaria cumprida quando aquele homem pudesse caminhar sozinho e, quem sabe, prestar socorro a outra pessoa.
Um dos grandes desafios da Igreja é a constância. É muito comum ver bons projetos iniciarem e logo em seguida sucumbirem ante os problemas do relacionamento, visões incompatíveis e debilidades estruturais. Paulo nos orienta a ser firmes, constantes e abundantes na obra do Senhor, e só seremos abundantes se formos firmes e constantes. Começar e não terminar é sintoma de irresponsabilidade e desorganização. Um coração missionário vai até o fim.
Como Jesus, aquele que começou a boa obra e é fiel para completá-la.
0 Comentários