Aquário

quinta-feira, novembro 25, 2010


Mais uma poesia do presente - Marília Garcia

Aquário

tem o pânico das algas marinhas
quando acorda de frente para o estádio.
o quarto é um aquário
com setas submersas de
sol e seu corpo filtrado
pela luz do insufilm
tem o contorno
de um magnetismo
inverso. não que me importassem
 as horas. apenas não sabia como ali chegara. não
sabia quanto tempo tinha passado (um cão
lambia o pé, a mesma imagem
congelada)
e na saída: "vai me responder de novo com
uma pergunta?" "mas a configuração é
diferente." e ela disse, não lembro o que ela disse.
o estádio é um buraco no tempo e de cima
suas guelras latejam os ecos da última partida.
você se encolhe atrás do vidro
redondo, luta para vencer
as pequenas pedras, como num oceano
violeta genciana

 

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