Sobre a ansiedade

sábado, abril 21, 2018

Hoje quero falar sobre o problema da ansiedade.
Não aquela ansiedade do tipo ânsia, expectativa e frio na barriga, esperando por alguma coisa, mas daquele tipo que é diagnosticado pelos médicos. 
O tipo que eu fui diagnosticada dois anos atrás e eu nunca tive problemas em falar sobre isso, por isso quero compartilhar um pouco da minha história.

Sempre roí unhas, sempre descontei a ansiedade na comida e vivia um engorda / emagrece/, sempre tive dores de cabeça, as vezes insônia; sempre tive uma imaginação muito fértil, muitas ideias, muitas coisas a fazer. Mas achava tudo isso normal, até o dia que isso me deu problemas maiores. 

Tudo começou num domingo a noite, com uma pontada no peito, mas fui dormir achando que aquilo passaria. Acordei na segunda, e aquelas pontadas iam e vinham e ao longo do dia, meu braço esquerdo começou a formigar, achei que aquele desconforto passaria, mas ao final do dia, fui ao hospital pois na minha cabeça, eu estava tendo um ataque cardíaco ou sei lá o que, relacionado ao coração, pelo fatos dos sintomas serem só do lado esquerdo do peito.

Levou algum tempo até eu ser atendida e ao relatar os sintomas, fizeram um eletrocardiograma em mim, que deu resultados normais, fui ficando nervosa, porque aquela dor não passava, mas me receitaram remédios para a dor e me mandaram embora, mas essa dor e desconforto só piorou ao longo da terça-feira e na quarta eu acordei muito mal, com falta de ar e fui ao hospital de novo. Lá, fiz raio-X pois a médica desconfiou que a falta de ar e dor no peito pudesse ser pneumonia, mas mais uma vez, meus exames deram normais. A médica disse que provavelmente era ansiedade e eu deveria procurar uma psiquiatra, o que, no dia seguinte já comecei a procurar.

Quem já precisou de um serviços desses, sabe como é caro um profissional bom nessa área e eu não queria um médico que me entupisse de remédios ou que apenas olhasse pra minha cara e receitasse alguma coisa. Graças a Deus, encontrei uma médica muito boa e que sua consulta não era cara. Eu queria alguém que realmente me ajudasse, que pudesse entender o que estava acontecendo comigo e que aquela dor pudesse passar, e essa médica é tão boa, que minha primeira consulta durou quase 2 horas, apenas eu contando a minha vida para ela, e que juntas, pudêssemos entender o porque daqueles desconfortos. Confesso que fiquei um pouco com medo de ser diagnosticada com algo mais grave, mas ela me acalmou e disse que eram sintomas de ansiedade e que poderia ser tratada. Ela me receitou um medicamento, sertralina, e caso esse não me ajudasse, ela teria que me receitar algo mais forte.

Mas o principal ponto do tratamento, segundo ela, foi que a busca por ajuda partiu de mim e eu queria melhorar, queria deixar de sofrer desse mal. Ela me disse que muitas vezes as pessoas não melhoram porque não querem se ajudar, no sentido de buscar ajuda por si só, precisam que um parente ou amigo os leve a buscar ajuda. Eu tô falando isso, porque se você tá lendo isso e sente que precisa se ajuda em alguma área da sua saúde mental, não hesite em procurar ajuda, existem ótimos psicólogos e psiquiatras que podem te ajudar.

Bom, esse tipo de tratamento com medicamento consiste em começar tomando uma certa dose e aos poucos ir aumentado, até estabilizar seus sintomas. A cada consulta com essa médica, eu pude ir percebendo coisas em minha vida que me faziam sofrer desse mal.

Como o fato de ser professora e muitas vezes não pensar muito antes de reagir diante de uma situação com os alunos, o que acabava acumulando certo estresse e ansiedade em mim. Outra coisa importante, foi que em 2015 eu saí da casa dos meus pais pra morar sozinha em outra cidade e no meio da agitação toda pra achar um emprego e me estabilizar numa cidade nova, sozinha, eu fui acumulando essa ansiedade e agitação. Outro fato que desencadeou os sintomas naquele mês, foi o falecimento da minha vó, que eu era muito apegada, e pelo fato de eu morar longe dela, fiquei muito mal naquele mês, desencadeado aqueles sintomas de ansiedade. 

Algumas coisas foram me ajudando nesse tratamento; conforme a minha médica explicou, o remédio é apenas um dos pilares no tratamento. Ele não pode ser a base principal em que você apoia a sua vida sobre isso. E a ideia do medicamento, é ser usada apenas por um tempo, para estabilizar, e depois, tentar fazer o "desmame" que nada mais é que ir diminuindo a dose do remédio pra ver como a pessoa reage e se consegue viver sem esse remédio.

Bom, dois anos se passaram desde aquele dia que fui ao hospital. Dois anos se passaram desde que comecei meu tratamento contra a ansiedade e por que estou escrevendo isso hoje? Porque hoje tomei o último comprimido do remédio que eu espero não precisar mais, Há algum tempo já não tenho sintomas e respondi muito bem ao tratamento, então a médica começou a diminuir a dose desse remédio, e hoje eu comemoro o fim de um ciclo, que eu peço muito a Deus que não se repita mais,

Resolvi compartilhar tudo isso porque eu nunca tive vergonha nenhuma de falar sobre isso, sobre esse "problema", meus pais me apoiaram muito, mesmo morando longe, foram super compreensivos e me ajudaram no processo.

Algumas coisas ajudaram também, como falei dos "pilares", Alimentação saudável, mudar alguns hábitos, entender o que me causa ansiedade, tentar relaxar mais, não viver em função do trabalho, atividade física é outra coisa bem importante também. Um fator bem importante pra minha melhor, foi ter adotado um cachorro; que só quem tem um animal de estimação, sabe o bem que eles nos fazem. E também, ano passado, Deus me deu um presente lindo, que me chama de amor, alguém com quem eu posso desabafar sobre qualquer coisa, alguém com quem eu posso conversar sobre tudo e sobre nada, alguém que não me julga por eu sofrer disso, e que cuida de mim. É um amor diferente de pai e de mãe, e um amor que veio de Deus, pra me ajudar nesse processo de melhora.

Bom, esse relato já virou um textão, mas eu quis compartilhar pra incentivar você, que sofre disso ou de outra coisa, pra saber que você não está sozinho.

Coisas que me ajudaram no meu tratamento:

- Não ter vergonha de quem eu sou, não ter vergonha de assumir que sofro de ansiedade, não ter vergonha de conversar sobre isso e de admitir isso às pessoas que me cercam.
- Atividade física, mesmo sem muito tempo e dinheiro pra academia, agora com o cachorro, sempre tento sair pra caminhar com ele, ou então, ir / voltar a pé do trabalho.
- Alimentação saudável, não necessariamente, só comer coisas saudáveis, até porque eu amo hamburguer e batata frita, mas é o fato de incluir mais frutas e saladas em minhas refeições, comer menos e mais vezes ao dia; saber que não preciso me entupir de comida pra ser feliz. E também saber separar a comida da ansiedade, não descontar essa ansiedade.
- Ter um cachorro.
- Me cercar de pessoas que me fazem bem, sair com os amigos, conversar com essas pessoas; passar tempo com a família, com o namorado. 
- Ler livros, assistir filmes, séries e não se sentir culpada quando prefiro ficar em casa fazendo isso, ao invés de sair. 
- Buscar a Deus. Sem falar de religião, não é isso. Mas poder orar sobre esse meu problema e pedir ajuda a Deus, me fez descansar muito.
- Aprender a relaxar, parar de querer carregar o mundo nas costas, não me preocupar tanto com coisas que não estão ao meu alcance.

Claro que, a ansiedade possui graus diferentes e sintomas diferentes em cada pessoa. Claro que não estou simplesmente curada da ansiedade, até porque, a ansiedade faz parte do ser humano e uma das coisas que a minha médica me ensinou e que eu constantemente me recordo é que a ansiedade faz parte de mim, ela não vai simplesmente embora de uma hora para a outra, mas precisei aprender que não é a ansiedade que me controla, eu que controlo a ansiedade. Eu sei que ela está ali, e aprendi a conviver bem com ela, em usar ela ao meu favor, em vez de deixar ela me dominar. Por exemplo, por ser ansiosa, eu não consigo ficar sem fazer nada, preciso estar sempre fazendo algo, eu não sei o que é a palavra tédio, então, aprendi a usar essa ansiedade pra fazer as coisas, usar ela pra me impulsionar e não pra me segurar. Aprendi a não deixar a ansiedade controlar a minha insônia, a desacelerar a minha mente, por ter um monte de pensamentos, as vezes é difícil pegar no sono, mas até isso eu aprendi a controlar, diminuir o ritmo na hora de dormir. 

Espero ter ajudado. Me coloco á disposição para qualquer pessoa que queira conversar sobre isso, só deixar um comentário. Se você me conhece e quiser me chamar no face / whats, sinal de fumaça pra conversar, estou à disposição, pois assim como eu fui ajudada, eu também quero ajudar. Mas mais importante do que isso, como já falei várias vezes aqui, não deixe de procurar ajuda por vergonha ou por achar que as pessoas estão te julgando; é importante deixar isso pra lá e buscar melhorar, não deixe a ansiedade / depressão. qualquer coisa dominar você, mas busque ajuda pra que você aprenda a dominar essas coisas. 

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