Atypical e Eu Sou a Irmã do Mateus

domingo, setembro 03, 2017

A Netflix lançou a série Atypical, como professora eu estudo um pouco sobre os desafios da Educação Especial. Me apaixonei pela série. Queria escrever um texto indicando a mesma, ai tive a brilhante ideia de convidar a minha amiga Fernanda, que já trabalha e escreve sobre o assunto, para escrever sobre a série e falar um pouco sobre o trabalho dela. Então, deixo vocês com a Fer:

Falar de Autismo (ou TEA - Transtorno do Espectro Autista) é sempre algo delicado, pois são muitas as nuances envolvidas. Falar de Autismo é falar de uma condição que afeta a comunicação e a interação social, bem como os comportamentos e os interesses dos indivíduos. É falar de um processo diagnóstico difícil e da vida de uma família que será, inevitavelmente, afetada por ele — e é sobre isso que eu quero falar hoje.

A série Atypical, lançada em agosto pelo Netflix trata exatamente disto: da vida de um jovem com autismo e de sua família. Sam é autista leve, tem 18 anos e, como todo adolescente, quer ter uma namorada. A história gira basicamente em torno dessa busca, mas vai além. A série é didática, explica com leveza vários aspectos do autismo, mostra situações reais e as explicações por trás de certos comportamentos socialmente interpretados como “esquisitos”. Porém, algo que me chamou a atenção foi a abordagem a respeito da família. Fugindo ao estereótipo do autista-gênio-que-encanta-a-todos-com-suas-capacidades, a história mostra não apenas Sam, mas os pais dele, Elsa e Doug, e a irmã Casey e como todos são atravessados pela dinâmica do autismo. Diferente de outras condições, o TEA afeta não somente a pessoa em si, mas toda a família. Atypical mostra exatamente isso: a mãe que vive em função do filho, o pai que tem dificuldades em se conectar com o menino e a irmã que está sempre à disposição em caso de dificuldades. Tudo gira em torno de Sam. Para muitos, essa pode ser uma realidade desconhecida (e até superestimada), mas é o que mais acontece nas famílias de autistas. De maneira geral, a pessoa com deficiência adquire centralidade na dinâmica familiar. Não é uma família qualquer, mas “a família do fulano”. Esta é a minha experiência também, não é por acaso que criei um Blog chamado Eu Sou a Irmã do Mateus, onde relato minhas experiências como irmã de um jovem com autismo severo.

Meu nome é Fernanda Ferreira, tenho 24 anos e moro em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Dentre todas as coisas que compõem a minha vida, uma das mais relevantes, sem dúvidas, é o fato de o meu irmão, Mateus, ter autismo. Ele é autista severo não-verbal e tem 22 anos. Ama a família, os amigos e os terapeutas, gosta do Mickey, da rotina, de passear no shopping e comer hambúrguer com batata-frita (Quem não ama, né gente?). Assim como a Casey, de Atypical, também tive a minha vida fortemente influenciada pelo autismo do meu irmão.

Ser irmã do Mateus influenciou desde a rotina da minha família até a minha escolha profissional. Fez eu sempre pensar mais nele do que em mim. Fez eu valorizar cada conquista e cada momento que vivemos bem (e juntos!). Fez eu entender que existe muito mais no mundo do que os olhos podem ver — seja em relação as pessoas, as coisas e ao nosso propósito de vida. E sou grata por isso. Não é fácil ser irmã do Mateus, mas eu aprendi (a duras penas) a encarar isso da melhor forma possível: amando! E amando não só a ele, mas todos os autistas e suas famílias, que estão espalhados pelo Brasil. Que cada vez mais, as pessoas conheçam sobre o Autismo, conheçam as nossas histórias e vivências. Atypical mostra um pouco disso. Eu escrevo um pouco sobre isso. E assim vamos construindo um país mais respeitoso e inclusivo, que conhece o Autismo e todas as suas complexas nuances. 

Para saber mais sobre a Fer e o trabalho lindo que ela faz, acesse: Eu sou a irmã do Mateus 
Você também pode acompanhar a fan page: Eu sou a irmã do Mateus

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