Pimenta

quinta-feira, junho 08, 2017

Texto por Thaís Zamba

No restaurante colorido da vida, os sentimentos são servidos num rodízio. Alguns você consegue recusar, outros não. Uns são claros e definidos: A paz é um docinho. A energia para trabalhar e viver é um prato de tempero ideal e sal no ponto. A mágoa é amarga.

Muitos formam misturas boas... Outros fazem uma mistureba enjoada e indigesta. Há alguns que a gente joga pra dentro da alma sem ao menos lembrar da cara do garçom. Quando vê, já era. Já rolou. Outros são recebidos com surpresa e hesitação.

E, no meio disso tudo, há os pratos de pimenta. Carolina reaper, malagueta, Naga viper e outras ardências. São os benditos sentimentos fortes, avassaladores, que sacodem o organismo e o nosso pobre, frágil psicológico. Ninguém sabe, ninguém viu, não se avisa de onde veio, mas... Mas veio. Rapaz, e como veio. Se teve uma coisa que o sentimento fez, foi VIR.

Você foi assaltado por uma fúria cega, se apaixonou irremediavelmente pela pessoa errada, teve um surto de euforia, quis matar alguém. Ah, pimenta. Misturinha de efeitos e desejos que nem sempre podemos satisfazer. Dor para a nossa carne fraca e dependente de Deus.

Posso dar um toque?

Não fique cego pela ardência ao ponto de cuspir. Feche. A. Boquinha.
Você precisa segurar um pouco, digerir o que te chegou aos lábios sem divulgar num outdoor. Nos primeiros segundos de pimenta na boca (e sentimento na alma), bate uma vontade de gritar: "TÁ ARDEEEEEENDO!". Mas, sério, não faça isso. Segure a onda. Não existe só ardência, existe sabor. Mastigue. Aceite. Leve os sentimentos fortes, em oração, a Quem tem mais força que todos eles.

Agora, mais nada vai arrancar a sensação de você, e ninguém está provando a mesma coisa. Lide com a novidade sozinho, por um tempo. Ou isso, ou receba conselhos teóricos de quem desconhece tuas práticas e manda seguir o coração. Cilada. Conselhos não-ardidos.

Me despeço com a fala de Elisabeth Elliot, muito melhor nas "digestões" do que jamais serei:

“Esperar silenciosamente é a coisa mais difícil de todas. [...] Mas as coisas que nós sentimos mais profundamente são aquelas que precisamos aprender a silenciar sobre, pelo menos até que tenhamos falado sobre elas de forma minuciosa com Deus.” (Do livro: Passion and Purity)



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